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Festival Varilux 2022 | Entrevista com Diastème, diretor de O Mundo de Ontem

 

Por Victoria Hope

Em meio a tempos tão sombrios politicamente falando ao redor do mundo, principalmente com notícias que vem assolando o mundo frente ao crescimento de ideais retrógrados, Diastème apresenta 'O Mundo de Ontem', uma pérola mais do que necessária com a mensagem urgente de que a mudança precisa ser feita o quanto antes. 

Elisabeth de Raincy, Presidente da República, optou por se aposentar da vida política. Três dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, ela fica sabendo por seu secretário-geral, Franck L’Herbier, que um escândalo do exterior atrapalhará seu sucessor designado e dará a vitória ao candidato de extrema-direita. Eles têm três dias para mudar o curso da história.

Nesse thriller que poderia ser apenas ficção, mas infelizmente é a realidade do mundo atual, o diretor com maestria, incluindo a atuação primorosa de Léa Drucker, nos apresenta comentários afiados sobre os bastidores políticos nessa tragédia anunciada. 

O Mundo de Ontem / Foto: Festival Varilux

Amélie: Para você, qual seria seu projeto de direção dos sonhos?

Diastème: Essa é uma pergunta difícil porque dirigi quatro filmes e todos eram muito diferentes um do outro e esse era um pouco do tema que eu gostaria de explorar nesse momento. Eu também trabalho com teatro e meu próximo projeto grande será um musical, uma comédia musical. Meu projeto mais recente foi bem sombrio, então para o próximo, quero algo mais alegre e divertido.

Amélie: Duas lições que você aprendeu durante as filmagens de O Mundo de Ontem?

Diastème: A primeira eu sinto que vem mais do teatro, mais do que filmes, é a importância das repetições e dos ensaios. E outra coisa é que quando você faz um filme tão sombrio e desesperador, você precisa rir no set de filmagem, rir do desespero. Na verdade, pensando aqui, isso acaba ficando mais desesperador ainda (risos).

Amélie: Em meio a esses momentos sombrios que vivemos, falando sobre a temática política presente no filme também, o que o mundo poderia aprender com os franceses e seus protestos? 

Diastème: É muito difícil porque a polícia tem se tornado cada vez mais violenta. Nós continuamos a protestar na França, mas a polícia tem ficado cada vez mais violenta. As pessoas não votam mais, metade das pessoas não saem para votar, mas se você não vota, resta protestar. O voto pode mudar algumas coisas, mas bem de vez em quando mesmo.

Sobre o meu filme, acredito que temos que falar mais sobre esse tema, nós não podemos nos esquecer do que é certo e o que é normal. Igualdade deveria ser o normal, respeito deveria ser a normal. Racismo, homofobia, antissemitismo, nada disso é normal. Não é um ponto de vista, é um discurso de ódio e não deveria ter espaço, é um crime. As pessoas precisam reaprender isso.

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