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Festival Varilux 2022 | Golias

 

Por Victoria Hope

Em Golias, filme aclamado pelo público durante sua estreia, France, professora de esportes durante o dia, trabalhadora à noite, é uma ativista contra o uso de pesticidas. Patrick, um obscuro e solitário advogado parisiense, é especialista em direito ambiental. 

Mathias, lobista brilhante e apressado, defende os interesses de um gigante agroquímico. Seguindo o ato radical de uma pessoa anônima, esses três destinos, que nunca deveriam ter se cruzado, se acotovelam, colidem e se inflamam. Apesar dos fatos serem baseados em um evento real, os personagens mostrados na trama são fictícios, fato que é reforçado logo no início do filme.

Na trama, Patrick (Gilles Lelouche) e Mathias, vão ter seus destinos virados de cabeça para baixo e entrelaçados pelo terrível ato de um fazendeiro desesperado após um caso de morte por câncer que segundo a acusação, foi causado pelo uso dos pesticidas desse fazendeiro. 

Golias / Foto: Festival Varilux

A temática do uso de pesticidas e a infecção que pessoas quer trabalham no campo tem adquirido devido a eles é um tema de extrema relevância, principalmente nesse momento em que os grandes latifundiários e a indústria de agrotóxicos receberam ainda mais apoio de governos ao redor do mundo, isso inclui a França.

O próprio  título do filme anuncia desde início que os expectadores irão testemunhar uma luta desequilibrada, porém, com um herói  pequeno, mas extremamente poderoso. O "Golias" de Frédéric Tellier aqui refere-se claramente à luta de um pequeno Davi contra o herói dos inimigos, praticamente em uma luta bíblica de um pequeno, que seria o advogado, contra um vencedor anunciado, que são os fazendeiros e donos do agronegócio.

É impossível não se envolver emocionalmente na luta dos personagens que clamam por justiça, sabendo que o que está sendo fornecido é extremamente tóxico para todas as famílias e não apenas as que trabalham no campo, já que entra em vigor a mensagem de que a indústria não se importa; para ela, pouco importa que seu produto esteja criando vítimas, já que o mais importante para eles, são os lucros. 

Golias / Foto: Festival Varilux

O simples ato de Tellier mostrar de forma corajosa essa mensagem que aponta o dedo na ferida da indústria de químicos, já mostra que esse é sem dúvida um dos títulos mais importantes desse ano, mas o trunfo vai além da mensagem passada, afinal, a destreza com os takes das filmagens também conduzem o público nesse clima caótico da pequena 'revolução' formada pelas pessoas que pedem justiça.

Golias mostra que aquilo poderia acontecer com qualquer um, com nossas famílias e nossos amigos e que ficar em silêncio não leva a nada. Figuras como o próprio advogado Patrick, são muito importantes na vida real em prol da luta pelo meio ambiente e pela saúde pública, mas as pessoas comuns também tem um enorme papel nessa luta. 

Até mesmo o caso da Pandemia do Covid-19 foi mencionada, quando um empresário falou sem pudores, como essa crise ajudou indústrias a empurrarem diversas leis que protegiam o uso de pesticidas tóxicos, já que todos estavam mais preocupados com a pandemia do que políticas relacionadas ao meio ambiente. 

Em algum momento, um dos personagens revela que lutar contra uma única empresa, seria como comprar uma briga com a indústria química inteira e essa é a uma batalha muito árdua e sem fim. Chega a ser frustrante de ver a forma tão real com a qual os empresários no filme reagem às investigações, com a plena certeza de que sairão ilesos sempre.

NOTA: 10/10

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