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SXSW 2023 | Yen Tan em um papo sobre a drama A Guide to Not Dying Completely Alone

 

Por Victoria Hope

Na comédia dramática LGBTQIA+ A Guide to Not Dying Completely Alone, acompanhamos os relatos de vida e morte do protagonista Ben Wu, que sonha em ser um escritor best seller, mas que está passando por um momento difícil.

A premisa do episódio piloto, que concorre na Competição de Episódio Piloto Independente, A Guide to Not Dying Completely Alone, segue um escritor asiático gay que desmaia no banheiro de um bar gay, acorda no hospital e percebe que está completamente deslocado da sociedade. 

Com medo de morrer sozinho, ele decide mudar sua vida para melhor e narra sua jornada em um livro de autoajuda que ele escreve chamado "Um guia para não morrer completamente sozinho". Basicamente um 'Comer, rezar, amar para 2023', este show é sobre mortalidade, perdão e recomeços, tudo de uma perspectiva asiática queer, algo muito raro de se ver na indústria do entretenimento mainstream. Mas como diz a sinopse, essa não é uma série sobre nossas diferenças, mas sim sobre o que nos torna semelhantes. E não é sobre morrer, é sobre como viver.

Durante a abertura do SXSW Film & TV Festival, nossa equipe teve a oportunidade de entrevistar as mentes criativas por trás da série, o showrunner Kevin Yee e o diretor Yen Tan e esse papo você confere na íntegra abaixo. 

A Guide to Not Dying Completely Alone/ Foto: SXSW

Amélie: Quais foram os maiores desafios durante as filmagens? 

Yen Tan: Essa produção foi feita com um baixo orçamento e Kevin Yee é a estrela desse projeto e também o roteirista, então basicamente ele montou tudo isso de uma forma bem indie, fora que nós,  estávamos na época da pandemia do Covid-19, então foram diversos desafios, mas acredito que no final demos conta, sabe? No primeiro dia de filmagem uma das pessoas responsáveis pelo design de som não conseguiu estar lá, então nós nos organizamos para criar o som com o que já tínhamos em um período muito curto de tempo, mas acho que esse foi o maior desafio (risos).

Amélie: Você comentou que Kevin também é o roteirista, então como foi dirigi-lo no papel de protagonista do episódi piloto? 

Yen Tan: Foi ótimo! Conheço Kevin há anos, mesmo fora dos bastidores, então (dirigí-lo) foi algo muito agradável. Nós todos estávamos na mesma página sobre essa produção antes mesmo das gravações, então tudo fluiu muito bem, posso até mesmo dizer que foi bem fácil. 

Amélie: Representatividade queer asiática é tão rara na mídia mainstream, que a série foi uma grande surpresa. Poderia falar um pouco mais sobre a escolha dessa temática e além disso, o que espera que o público aprenda com 'A Guide to Not Dying Completely Alone'? 

Yen Tan: Eu acho que representatividade mudou nos últimos anos, principalmente em termos de quem nós víamos na frente das telas por meio de artistas asiático-americanos. Eu vejo esse projeto como um pedacinho de algo muito maior, especialmente por conta do componente queer asiático, que eu acredito que tem sido representada, mas poderia se beneficiar com mais representatividade ainda no sentido de que essa representatividade deveria ser ampla, com diversas formas e diversos tipos de personagens asiáticos apresentados para que não seja sempre o mesmo tipo de personagens LGBTQIAP+ asiáticos representados na tela. 

Amélie: Poderia nomear 3 diretores que inspiraram sua carreira?

Yen Tan: Essa é uma pergunta muito desafiadora porque acredito que absorvi de diversas influências, mas um que teve o maior impacto foi o diretor sul-coreano Lee Chang-dong. Acredito que ele é um dos diretores que não apenas faz bons filmes, mas que os filmes dele ficam para sempre no seu coração, sabe? Em um estilo de filmagem que eu acho raro e seus filmes são muito profundos e atemporais. 

Quando penso nele, penso 'esse é alguém que genuinamente ama cinema', então eu respondo muito bem ao trabalho dele. Outro diretor que me inspira muito é diretor japonês Koreeda e que olho da mesma forma que olho para Lee Chang-dong.

Agora falando em diretores americanos, diria que Mike Mills que fez um dos meus filmes favoritos chamado Toda Forma de Amor (Beginners). Acho que algo sobre a sensibilidade com a qual ele retrata seus filmes é algo quer respeito muito. 

Amélie: Ao longo dos anos conversando com diretores, percebi que muitos tem um projeto dos sonhos. Você tem um e se sim, qual seria ele e qual seria o tema abordado?

Yen Tan: Eu não sei dizer, mas gostaria de dizer que o que estou trabalhando agora é um projeto dos sonhos, porque eu não tenho um projeto que eu diria 'oh, esse é meu projeto dos sonhos' nesse exato momento. Acredito que para mim, o projeto que eu quero trabalhar é aquele projeto com o qual eu realmente estou interessado em desenvolver, ou seja, não é nada voltado ao lado financeiro, é algo que eu realmente queira fazer parte, sabe? Todos os trabalhos que eu faço são assim, é meio como se eu tivesse que escolher um bebê favorito (risos), pois para mim, todos esses filmes são meus bebês, minhas crianças, então acho que é isso. 

Quanto ao tema, a forma em que eu trabalho com pessoas funciona dessa maneira, temos que estar todos na mesma página, ter pensamentos parecidos, pessoas que posso ver como amigos e pessoas com as qual eu colaboro. Acho que eu realmente só quero colaborar com pessoas que eu vejo que posso ter uma amizade e fazer o trabalho fluir.

Amélie: Para fechar, qual foi sua cena favorita de A Guide to Not Dying Completely Alone.

Yen Tan: Acho que a cena que foi para o cartaz final do projeto, naquela cena onde o protagonista está voltando do hospital para a casa dele e percebe toda bagunça ali enquanto ele está ali pensando sozinho. Essa é definitivamente a minha fotografia favorita do filme. 

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