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Sundance 2023 | Daina Reid fala sobre o terror Run Rabbit Run

 

Por Victoria Hope

No terror dramático Run Rabbit Run, adquirido pela Netflix no Festival de Sundance 2023, acompanhamos uma mãe que luta para conseguir lidar com o luto, a maternidade e um vazio em sua existência que mostra que algo aconteceu no passado; algo que mudou para sempre a vida dessa mulher.

Com intepretações maravilhosas, incluindo Sarah Snook (Succession), o Run Rabbit Run é um  psicologicamente ambicioso, banhado pelos belíssimos cenários australianos apresenta uma história sobre culpa, mas também sobre maternidade e e traz a reflexão angustiante sobre um tema que raramente é discutido: Todas as mães são boas? Todas as mães são más? Existe o meio termo? Essa entre outras questões são exploradas no longa. 

O filme , definitivamente vai criar diversas discussões relacionadas a trama e aos personagens apresentados. Pensando nisso, durante o Sundance, nossa equipe teve a chance de conversar com a diretora Daina Reid (The Handmaid's Tale), a diretora de Run Rabbit Run,  sobre esse projeto ambicioso, explorando diversas questões relacionadas ao gênero de terror, cinema, maternidade e mais. 


Run Rabbit Run / Foto: Sundance

Amélie: Quais foram os maiores desafios durante as filmagens de Run Rabbit Run?

Daina: Primeiro de tudo, (a pandemia) de Covid, que acabou pegando parte do tempo das filmagens, mas o maior desafio foi trabalhar em uma história tão pesada emocionalmente, principalmente trabalhando com Sarah Snook. Tivemos que ir a lugares sombrios como o medo de não ser um bom pai ou mãe para seus filhos. Luto, digo, todo o luto, sabe? Recentemente eu perdi meu pai durante as gravações e foi difícil ir para o set todos os dias em um filme sobre luto, tendo que passar pelo meu próprio luto pessoal.

Quando eu era atriz e sim eu já fui (risos), eu fazia comédias e eu realmente adorava fazê-las, então filmando esse projeto aqui, eu percebi o quão diferente os dois são um do outro. No dia a dia, realmente foi pesado abordar esses temas, a culpa também, então, foi bem desafiador, mas ao mesmo tempo recompensador. Sarah foi incrível, o cenário estava lindo, então tudo isso compensou. 

Amélie: Assim como neste filme, muitos títulos do gênero de horror contemporâneo tem mostrado a relação entre mães e filhas, trazendo o tema de trauma geracional. Você pode falar um pouco disso?

Daina: Quando eu me tornei mãe, eu achei isso algo muito desafiador e nós geralmente não abordamos as nuances disso, sobra a maternidade, sabe? Existem mães maravilhosas, existem mães terríveis, mas nós sempre estamos no meio termo, então pensamos sobre a realidade de ambas. Isso é algo que a gente pensa, sabe? Quando eu me tornei mãe, eu pensei 'Será que vou infectar minha criança com meus problemas?", "Eu não quero que essa criança se torne um reflexo, eu deveria trabalhar isso em mim'.

Então pegamos essa ideia com a personagem de Sarah para explorar esse tema. Pegamos essa ideia e pensamos, pois não sabemos se aquilo tudo está acontecendo ou se tudo se passa na cabeça dela. Talvez seja um medo que ela está passando, mas ela definitivamente está infectando sua filha com isso e geralmente esse é o pensamento quando pensamos em maternidade e paternidade. 

Amélie: Você poderia falar sobre 2 filmes que inspiraram sua carreira na direção? 

Daina: Preciso pensar mesmo nessa. Acho que Quanto mais Quente Melhor, que é um filme que não tem nada a ver com esse (risos). Eu adoro o trabalho de Billy Wider, então vou falar dois títulos, primeiro esse e o segundo, Last Weekend, porque ambos filmes são tão diferentes e pensei: 'Esse mesmo diretor fez filmes tão distintos um do outro, mas tão lindamente construídos". Eu adoro filmes de gênero e adoro quando o gênero é subvertido. Eu sempre quero ver conceitos. mas não me dê satã (risos). O que esperar de uma história? Foi isso que ajudou a pensar no conceito de Run Rabbit Run

Mas na realidade, o que me inspirou mesmo a fazer esse filme foi uma série de televisão chamada The Terror, que novamente, não é a mesma coisa, mas traz diversos personagens rodeados por essa trama sobrenatural. Então isso foi bastante inspirador. 

Amélie: Imagine que você pudesse conversar com a Daina de 7 anos e dizer que hoje é uma diretora e está na Netflix e no Sundance. Qual seria a reação dela?

Daina: Que pergunta interessante, porque eu tinha 10 anos da primeira vez que assisti Star Wars, eu sou daquela geração e ver esse filme, foi o que me fez querer me tornar uma diretora. Isso foi 3 anos depois, então eu me pergunto o que ressonaria para uma criança de 10 anos. Acho que eu sempre amei filmes, sempre assisti filme. E obviamente vi um que explodiu minha mente com os dez anos. Talvez eu achasse legal ou talvez eu simplesmente só me convidaria para dançar, que era o que eu fazia na época.

Amélie: Qual é a principal mensagem que você quer passar ao público com esse título?

Daina: É muito difícil falar sobre isso sem soltar spoilers (risos), mas acho que posso dizer, seja verdadeiro com você mesmo. Acredito que esse filme seja ser brutalmente honesto e refletir sobre seus próprios comportamentos. pois todos nos precisamos fazer isso. 

Amélie: Três palavras para definir Run Rabbit Run

Daina: Desafiador, Solitário e expositivo

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