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[Review] Our Flag Means Death Temp.1 | O triunfo da verdadeira representatividade

 26/03/2022

Por Victoria Hope

Em abril de 2021, o anúncio de uma nova série original da HBO Max com direção de Taika Waititi e criação de David Jenkins já estava causando burburinho na internet, principalmente pela revelação de que a produção traria personagens da vida real como o famoso pirata Barba Negra e o aristocrata Stede Bonnet para as telas.

Sendo essas figuras extremamente polêmicas até mesmo no contexto histórico, muitos telespectadores não sabiam o que esperar, mas o que encontraram foi uma bela surpresa, pois não apenas o diretor foi bem sucedido em sua interpretação de um dos piratas mais temidos da história, como também triunfou em trazer uma história emocionante, bonita e repleta de representatividade em todas as formas.

Logo durante os primeiros dois episódios da série, todas as expectativas e estereótipos caem por terra, afinal, Jenkins conseguiu ao lado do brilhante elenco, subverter  tudo o que poderia haver de problemático, entregando momentos hilários e ao mesmo tempo que fizeram o público se emocionar.

Trazer representatividade da diversidade social e representatividade LGBTQIA+  para o universo dos piratas não é algo que deveria ser revolucionário, já que historicamente, a presença queer, incluindo de saqueadores não binários fez parte do momento histórico da pirataria ao longo dos anos, mas trazer a temática dessa forma, em uma série televisiva, é de fato algo revolucionário após tantos anos do velho queerbait.

 Nossa Bandeira Significa Morte / Foto: HBO Max

A prática do queerbait, que nada mais é brincar com os sentimentos do público LGBTQIA+, prometendo uma suposta representatividade para nunca trazê-la para além do subtexto, é algo já esperado por muitos fandoms e é por esse motivo que Our Flag Means Death se torna tão necessária.

Foram anos da mesma prática por diversos diretores, produtores e elencos, de incitar certo público para conseguir mais telespectadores, sem nunca entregar a representação prometida, então até mesmo o fato da série entregar finalmente tantos casais e tanta diversidade em tela, parece mesmo um sonho realizado por muitos fãs.

Our Flag Means Death não triunfa apenas pela representatividade queer, mas também pela representação da diversidade, desde personagens negros a latinos, indígenas e asiáticos, todos de forma respeitosa, sem que suas identidades sejam o tema das piadas, inclusive, um dos melhores momentos da série, é justamente quando o que poderia ser visto como piada sobre minorias, é subvertido em verdadeiras lições, como no episódio onde Capitão Bonnet é capturado por indígenas desconhecidos. 

Até mesmo o momento onde personagens femininas poderiam ser hostilizadas não apenas pela trama, como também pelo público, David e Taika quebram as expectativas, trazendo uma relação genuína entre os personagens, escapando de diversos tropes baratos que foram empurrados pela mídia por tantos anos. 

Nossa Bandeira Significa Morte / Foto: HBO Max
O ritmo dos episódios passa voando, o que com certeza vai fazer muita gente maratonar a série em um só dia e já querer a segunda temporada logo em seguida. Apesar de alguns episódios contarem com momentos um pouco mais arrastados do que outros, o timing das piadas se mantém o mesmo ao longo da temporada. 

Our Flag Means Death não é apenas especial pelo humor ou pela representatividade, mas sim por ser bem sucedida em contar verdadeiras histórias de amor sem que esse seja o único ponto focal da trama, afinal, todos os personagens são explorados muito bem e a cada episódio, o público consegue aprender um pouco mais sobre cada um dos piratas da tripulação.

Usar uma série de comédia para trazer mensagens importantes sobre saúde mental, sexualidade, quebra de estereótipos, destruição da masculinidade tóxica entre muitos outros temas, fazem de Our Flag Means Death uma verdadeira aula sobre como usar o humor para contar histórias diversas,  emocionantes e muito necessárias para os dias de hoje.  

NOTA: 9.5/10


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