Por Victoria Hope
[TW: Gordofobia, Violência, Gore]
Em 'Piggy', a diretora Carlota Pereda aborda uma violência social que é normalizada pela sociedade, usando o horror para mostrar os medos e angústias de uma adolescente que desesperadamente quer se encaixar no padrão.
Com o verão à espreita em uma cidade rural da Espanha, Sara passa seus dias trabalhando no balcão de vendas do açougue de seus pais. O peso da garota é constantemente feito de chacota pelas garotas do bairro, que nunca perdem oportunidade de entrar no açougue apenas para praticar bullying com ela diariamente.
Tudo muda quando após ser humilhada pelas meninas enquanto estava na piscina pública da cidade, Sara vê as garotas que a humilharam sendo brutalmente sequestradas por um estranho homem que as coloca em uma van. Quando a polícia começa a fazer perguntas para Sara sobre as vítimas, ela entra em um conflito interno, dividida entre revelar o que viu ou ajudar o estranho homem que a salvou da humilhação praticada pelas garotas.
Piggy / Foto: Sundance |
Vale o aviso inicial de que as cenas de bullying contra Sara são extremamente pesadas, em momentos a precisei pausar e respirar porque minha cabeça começou a doer de tanto chorar, mas a angústia inicial logo se transforma em algo muito maior.
Laura Galán, que interpreta Sara, entrega uma das melhores performances de todo o Sundance esse ano, ficando lado a lado com nomes fortes como Regina Hall, Sterling K Brown e Anna Diop. Esse filme pode ser considerada uma homenagem a 'Carrie', porém é ainda mais brutal, onde o sequestrador e 'vilão' é de longe a coisa menos assustadora de toda história.
A diretora triunfa ao fazer o público ver o mundo através dos olhos de Sara, nesse conto coming-of-age as avessas que prepara o público para um final completamente imprevisível. Com isso em mente, "Piggy" é sem dúvida um dos maiores lançamentos da sessão Midnight no festival desse ano.
NOTA: 10/10