Por Victoria Hope
Alice é um filme de suspense escrito e dirigido por Krystin Ver Linden, em sua estreia na direção, estrelado por Keke Palmer, Sinqua Walls, Jonny Lee Miller, Common, Gaius Charles e Alicia Witt. Na história, Alice (Keke Palmer), passa seus dias como uma mulher escravizada na área rural da Georgia durante o período da confederação, trabalhando em uma plantação, até que um dia, decide fugir do violento dono do local, Paul (Jonny Lee Miller).
Ao tentar fugir pela floresta, Alice encontra um bairro desconhecido, até se deparar com uma estranha estrada que nunca havia visto antes e acaba descobrindo que na verdade foi para o futuro, mas especificamente, 1972, durante o período de grandes protestos por igualdade racial.
Na estrada, ela conhece um ativista negro chamado Frank (Common) e a partir daí, passa a aprender tudo o que mudou ou não nesses 100 anos e como anda a promessa da liberação social e política da comunidade negra. Alice terá que mergulhar a fundo nessa toca do coelho turbulenta pós movimentos civis no sul.
Alice / Foto: Roadside Attractions |
Finalmente um filme blaxploitation moderno é apresentado ao público com seu retorno aos cinemas, agora de forma ainda mais intensa Apesar de Alice ainda apostar em cenas de violência contra os negros da época da escravidão, esses momentos tomam conta apenas do primeiro ato. O filme é baseado na história real de negros norte americanos que foram mantidos em regime de escravidão análoga mesmo após 100 anos do fim da escravidão na América.
O filme acerta ao trazer a tona o tema desse regime, que infelizmente ainda hoje é muito real e não apenas em países como os Estados Unidos, como também no Brasil, onde há menos de um ano atrás, foi descoberta a existência de uma senhora que ainda vivia em regime de escravidão análoga no ano de 2021.
Keke Palmer entrega uma de suas melhores performances e consegue emocionar em seu ato final ao transmitir o empoderamento de sua personagem através da educação; educação essa que a mesma buscou e encontrou através de livros, documentários e a memória de grandes ativistas negros. A metáfora de que a luta continua, que não é exatamente literal no filme, consegue entregar a mensagem de forma pontual e ao final, Alice consegue finalmente ter sua 'vingança' e entender seu papel como mulher negra na sociedade.
NOTA: 9.5/10